quarta-feira, 13 de abril de 2011

Tatuagem em Mulheres



Um texto de um estudo que achei legal, não concordo com várias afirmações, mas confesso ter coerência em outros aspectos, mas de uma coisa eu tenho certeza, existem esses tipos de mulheres citadas nessa pesquisa, porém existem as sem categoria, a mulher só pode ser categorizada se vista como apenas como um corpo ou reafirmando pré-conceitos de padrões femininos na coletividade quando sua essência ainda não foi revelada para todos nesse caso concordo com o jogo revela/esconde...a tatuagem é a expressão máxima da individualidade, pessoalmente opto pelo mistério, gosto da pessoa olhar e querer saber, querer ver e não poder, a não ser que eu lhe permita, a não ser que eu lhe conceda partilhar de minha intimidade, talvez uma caracteristica de ser uma pessoa timida essa reserva, porém desperta o desejo de conhecer o oculto, como também tem pessoas que são mais expansivas desfilam sua arte e realmente querem se afirmar perante a sociedade, por isso considero muito relativo e intima o fato de ter suas tatuagens por motivos e da forma que você quiser revelar, se quiser revelar... por isso a tatuagem ao meu ver é a expressão da alma, sua essência é compreendida somente por si próprio com significado somente seu, é como se eu tatuasse um demônio e o revelasse a todos, desfilasse pelas ruas de anápolis, teria duas possibilidades, chamarem um exorcista ou corressem, ou me considerarem uma satanista, é disso que falo, quando para mim própria apenas teria o significado de poder, de corajem, de ser a adversária do senso comum, do foda-se....logo sou contra pré definir uma mulher pelas extensão de suas tatuagens ou pelo genero, se ela ostenta o que tem, foda-se . Esse texto é cultural, logo sobre a coletividade, eu expressei uma opinião individual e pessoal.

Os “desenhos femininos”

Existem desenhos que são criados especialmente para mulheres, chamados “desenhos femininos”. Eles se diferenciam pela temática, envolvendo fadas, anjos, estrelas, luas, flores e desenhos com um certo tom infantil. Não existem “desenhos masculinos”. Os “desenhos femininos”, muitas vezes, apresentam um aspecto infantil, de desenhos feitos por crianças ou para crianças, como bonecas e querubins. Os animais escolhidos por elas são domésticos ou vistos como inofensivos, como gatos, beija-flores e golfinhos. Há uma procura muito grande, nos últimos tempos, por flores, borboletas e
estrelas. Fadas, unicórnios e outros elementos mitológicos também são procurados. Não ter um desenho que remeta ao repertório masculino, nem localizá-lo numa região do corpo considerada masculina, parece ser uma preocupação das mulheres que buscam tatuagens.

As sociedades são, para Bourdieu (2003), organizadas segundo uma diferenciação entre os gêneros que dispõe o masculino como preponderante, o que chama de dominação masculina. Esta dominação impõe uma visão androcêntrica de mundo, onde o que é masculino é visto como neutro, sem necessidade de ser enunciado em discursos que visem legitimar esta visão. A dominação masculina cria estruturas práticas de diferenciação entre os sexos tanto quanto estruturas mentais. É a partir desta forma de conhecimento sobre o mundo, que se pode perceber a experiência feminina do corpo como diferente da experiência masculina. O corpo feminino, diz o autor, é, sobretudo, um corpo-para-o-outro, um corpo objetificado pelo olhar e pelo discurso de outros. Sendo objeto de olhares, a mulher é tomada pela lógica da dominação e passa a exercer, sobre este olhar, uma contrapartida, na idéia de atrair a atenção e agradar, traduzidas na coqueteria feminina. Contudo, o olhar dos outros cria uma distância entre o corpo real e o corpo ideal.

A partir desta idéia de Bourdieu (2003), é possível perceber porque existem “desenhos femininos”, enquanto seu análogo “desenhos masculinos” jamais foi encontrado em campo. Sendo neutro, o masculino não precisa ser diferenciado. Da mesma forma, observa-se porque clientes e tatuadores preocupam-se em tornar femininos certos desenhos que trazem a idéia de agressividade, como o leão ou o tubarão, porque a agressividade é considerada uma característica masculina e o feminino é construído na negação destas características. s áreas tatuadas, da mesma forma, seguem esta lógica de diferenciação, e busca-se jamais tomar para si regiões que
sejam destinadas, por tradição, ao sexo oposto. As distinções entre os gêneros explicam, ainda, porque as tatuagens dos homens costumam ser maiores que as tatuagens das mulheres, relacionadas à idéia de agressividade e afirmação de virilidade, enquanto as tatuagens femininas são pequenas e se referem a desenhos que sugerem fragilidade, doçura e mesmo infantilidade.

A partir das entrevistas apresentadas por Leitão (2002), contudo, pode-se observar a emergência de mais de um modelo de feminilidade quando se trata de tatuagens: mulherzinha e mulher fatal/puta. A mulherzinha expressa uma feminilidade exageradamente frágil. A mulher fatal apresenta um forte componente de sedução, o que muitas vezes a transporta para o lado da puta. É uma sedução exagerada e, segundo os discursos, permeada de vulgaridade. Tatuagens nos seios e nádegas são muitas vezes vistos como chamando a atenção para os locais mais valorizados do corpo feminino, locais que não precisam dessa marca de sedução pois já atraem os olhares. Desta forma, se tornam signo da mulher oferecida, a mulher sem pudor, a puta. No ponto de equilíbrio entre a extrema fragilidade e a falta de pudor, está a mulher sem classificação, um modelo de feminilidade que não ganhou nome, mas que é visto como o mais adequado. Observe-se que a puta é sempre um modelo mal comportado, malvisto, e freqüentemente associado a mulheres que expressam uma maior autonomia individual do que a permitida para as mulheres de um modo geral. A “mulherzinha” demonstra que a autonomia feminina ainda não deve ser a mesma que a masculina, medida aqui sobretudo na liberdade sexual, mas que tampouco deve corresponder à fragilidade extrema. A oposição a “homem” não é “mulher”, mas sim formas distintas de feminilidade. Entre elas, a puta parece estar mais próxima à conduta sexualmente livre dos homens. A “mulherzinha”, ao contrário, parece estar associada a uma visão de feminino cuja fragilidade está associada a um universo infantilizado, a um sujeito não-autônomo, fraco, submisso, controlado, incapaz de tomar as próprias decisões. A
“mulherzinha” é um simulacro de mulher: tão pequena na sua autonomia que foi denominada pelo diminutivo.

O que emerge nos estúdios de tatuagem, contudo, ainda é uma visão de mulher segundo o modelo “mulherzinha”. Os “desenhos femininos” são aqueles que expressam delicadeza e fragilidade. Sem adentrar, aqui, em discussões mais profundas sobre a identidade feminina atual, pode-se indicar diferentes modelos operando no imaginário feminino. Lipovetsky (2000) aponta a construção de três modelos de mulher no imaginário ocidental que podem ser úteis para a presente análise. A “primeira mulher” é aquela que constitui o estereótipo da bruxa, diabolizada e desprezada. A “segunda mulher”, ao contrário, relaciona-se à idéia de uma maternidade ou virgindade idealizadas e sacralizadas. A “terceira mulher”, contemporânea, é autônoma e livre para escolher seu próprio destino, sem as amarras destas construções tradicionais. Estas visões do feminino se confundem com visões da beleza feminina: por um lado destruidora e por outro virginal. A antítese se resolve, segundo o autor, numa relação dialética que cria a pin up, cujas expressões principais são Brigitte Bardot e Marilyn Monroe. Na pin up, a beleza adolescente e juvenil é erotizada, mas não se torna destruidora.

Estes modelos descritos por Lipovetsky (2000) parecem os mesmos modelos em uso no universo da tatuagem. A puta/mulher vulgar confunde-se com a “primeira mulher”, possuindo um tipo de beleza vamp, conforme terminologia do autor. A tatuagem da mulher vamp é aquela que atrai atenção para os atributos femininos corporais de beleza e erotismo, supervalorizando aquilo que já é foco de atenção normalmente e, por isso, criando a idéia de vulgaridade. A tatuagem da “segunda mulher”, se é que se pode imaginá-la tatuada, é a tatuagem da “mulherzinha”, infantil, pequena, doce e sem erotismo. A “terceira mulher”, a que não tem nome mas constitui o modelo de equilíbrio, tatua-se buscando a beleza dialética da pin up, erótica sem jamais se considerar vulgar, abusando do jogo de olhares que é utilizado na dinâmica entre revelar e esconder a marca.



2 comentários:

  1. concordo Sara existem msm esses tipos de mulheres mas e as exceçoes? eles esqueceram de citar as que nao encaixam no padrão,
    "tatuagem ao meu ver é a expressão da alma, sua essência é compreendida somente por si próprio com significado somente seu." nunca tinha visto uma definiçao melhor para tattoo
    curti o texto da hr msm

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  2. Gostei da terceira mulher que ainda não tem definição.. É um ótimo texto .. tudo muito bem detalhado conforme a realidade! =*

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